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por Fernando Migliaccio

Na última quarta-feira (21), o presidente russo Vladimir Putin anunciou que convocaria 300 mil reservistas para a guerra na Ucrânia. Acredita-se que em pouco tempo esse número pode ficar ainda maior e em menos de 24 horas já temos notícias de alguns russos fugindo do país para não serem chamados ao combate.

No dia do anúncio, mais de 1.300 pessoas saíram às ruas na Rússia para protestar e foram presas, correndo o risco de amargarem muitos anos na prisão. Mais uma ameaça de Putin aos protestos.

A Armênia, país vizinho, já está recebendo inúmeros homens fugindo do alistamento. Segundo dados do serviço de imigração deles, até o mês de junho foi contabilizada a entrada de 40.000 russos no país. Já na Geórgia, que também faz fronteira na região, entraram 50.000 russos no mesmo período.

Iniciada em 24 de fevereiro deste ano, a Guerra da Ucrânia não tem data para terminar. Do lado da Ucrânia, o presidente Volodymyr Zelensky, se fixa na ajuda de seus aliados para equipamentos militares. Cerca de 9.000 soldados ucranianos já foram abatidos e mais de 5.000 civis foram mortos.

Enquanto isso, Putin está cada vez mais agressivo, vamos dizer assim. Junto ao anúncio das convocações, ele organizou referendos de anexação no leste e no sul da Ucrânia de 23 a 27 de setembro. Como forma de proteger seu país, Putin também disse que pode utilizar todas as armas possíveis, fazendo alusão à uma guerra nuclear.

A resposta internacional foi imediata: Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, fez um discurso na ONU indignado. Ele reiterou que o país não permitirá que o Irã consiga adquirir uma arma nuclear, e acusou a Rússia de ter violado descaradamente os princípios fundamentais da Carta das Nações Unidas. Biden também aproveitou o discurso para acusar a Rússia de ser a culpada pela crise de alimentos no mundo.

O arsenal nuclear russo dispõe de mais de 6 mil ogivas nucleares, conquistando a posição de maior do mundo. O país ainda tem um parque de produção dessas armas para construir novas ogivas e mísseis. Os Estados Unidos vem em segundo lugar, com cerca de 5 mil. Esses dados foram atualizados no ano passado, mas também é difícil termos acesso a números 100% confiáveis, visto que armas nucleares também podem ter natureza defensiva em caso de ameaças.

Sobre o uso de armas nucleares na guerra da Ucrânia, muitos especialistas acreditam ser improvável por conta da proximidade com a Rússia, o que acabaria afetando o próprio país agressor. Outro ponto nada a favor de Putin é que treinar novos soldados demandaria tempo. Mas nem o céu é limite para Putin, que já sentiu muitas perdas durante essa guerra. No final das contas, tem muita coisa em jogo: a proteção do país, egos (acredito que Putin também está obcecado já que em um passado recente o povo ucraniano zombava dos russos que lá viviam) e, principalmente, a soberania nacional russa.

O analista de internacional da CNN Lourival Sant’Anna comentou o impacto da declaração de Vladimir Putin. Compartilho abaixo:

 


Fernando Migliaccio da Silva, economista formado pela PUC – SP. Atuante na área Financeira com cerca de 30 anos de experiência, passando pelos setores de Tesouraria, Operações nacionais e internacionais, Financiamento às Exportações Brasileiras e Projetos Financeiros, também possui amplo conhecimento em temas sociais, políticos e atualidades.

 

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