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por Fernando Migliaccio

Mundo se despede de um dos principais líderes políticos da atualidade, Mikhail Gorbachev

Mundo se despede de um dos principais líderes políticos da atualidade, Mikhail Gorbachev

O ex-líder da União Soviética, Mikhail Gorbachev morreu na última terça-feira, aos 91 anos. Muito respeitado no cenário político, o seu trabalho para acabar com o confronto entre o bloco de países capitalistas e o bloco de nações socialistas lhe rendeu o Prêmio Nobel da Paz no ano de 1990.

O estadista foi o oitavo e último líder da União Soviética e é um dos grandes responsáveis pelo fim da Guerra Fria, conflito político-religioso entre Estados Unidos e União Soviética, ocorrido de 1947 a 1991. O Muro de Berlim era o símbolo dessa polarização, dividindo a Alemanha capitalista e a comunista. Eram 66,5 quilômetros de grades com redes metálicas eletrificadas, 302 torres de observação e 255 pistas de corrida para cães de guarda.

Em 1985, Mikhail Gorbachev iniciou os planos da perestroika (reestruturação) e glasnost (transparência). Com o fim da Guerra Fria, o sistema capitalista avançou por todos os países do planeta e a União Soviética foi desintegrada. Em relação à dissolução das repúblicas soviéticas, o político afirmou que temia usar a força para manter os territórios unidos visto que o país estava lotado de armas e seria um caos, ocasionando, inevitavelmente, uma guerra civil. Dessa forma, 15 novos estados foram reconhecidos: Armênia, Azerbaijão, Bielorrússia, Estônia, Geórgia, Cazaquistão, Quirguistão, Letônia, Lituânia, Moldávia, Rússia, Tadjiquistão, Turcomenistão, Ucrânia e Uzbequistão.

O objetivo de Gorbachev, antes das separações, era negociar um Novo Tratado da União, mantendo as repúblicas dentro de uma federação com mais flexibilidade. Seu principal opositor, Boris Yeltsin, então líder da República Russa, foi contra essa ideia.

Durante célebre discurso na ONU, no ano de 1988, Gorbachev declarou que “todas as nações deveriam ser livres para escolher seu destino sem interferência externa”. Algo totalmente polêmico para a região e para um líder comunista, que teve como antecessores Josef Stalin e Nikita Khrushchov.

Em outubro de 1986, Gorbatchev e Ronald Reagan se reuniram em Reykjavik, capital e a maior cidade da Islândia, e quase selaram um acordo de paz. Inclusive adquiri um livro em que são trazidos todos os detalhes deste encontro que, por muito pouco, encerrou os armamentos nucleares dos dois países (Estados Unidos e Rússia).

 

Sem apoio entre seus cidadãos, mas político pop no exterior

Após sua saída da liderança soviética, Gorbachev continuou a ter uma postura polêmica. O político participou de campanhas publicitárias, a exemplo da Pizza Hut, em 1997. Na propaganda, que tem como cenário a Praça Vermelha, ele aparece ao lado da neta em uma das pizzarias. O interessante foi o viés político do comercial que mostra mais pessoas discutindo sobre o mandato de Gorbachev e terminando com a frase “Por causa dele temos Pizza Hut”.

Para a marca de luxo Louis Vuitton, em 2007, ele aparece dentro de um automóvel com o muro de Berlim ao seu lado e uma mala de viagem da marca francesa.

Em seus últimos anos, o estadista soviético se dedicava à sua Fundação, situada em Moscou, onde eram realizadas pesquisas da era Perestroika e políticas russas.

Leia mais sobre Mikhail Gorbachev na Wikipedia.

 


Fernando Migliaccio da Silva, economista formado pela PUC – SP. Atuante na área Financeira com cerca de 30 anos de experiência, passando pelos setores de Tesouraria, Operações nacionais e internacionais, Financiamento às Exportações Brasileiras e Projetos Financeiros, também possui amplo conhecimento em temas sociais, políticos e atualidades.
IPCA tem queda por conta de preço nos combustíveis

IPCA tem queda por conta de preço nos combustíveis

Considerado o indicador oficial da inflação do Brasil, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), teve queda de 0,68% em julho, após ter registrado alta 0,67% em junho, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Esse resultado ocorreu por conta da queda nos preços dos combustíveis, em particular da gasolina e do etanol, e da energia elétrica. No ano, a inflação acumulada é de 4,77% e, nos últimos 12 meses, de 10,07%.

Os preços da gasolina caíram 15,48% e os do etanol, 11,38%. O IBGE ressaltou que essa foi a menor taxa registrada desde o início da série histórica, iniciada em janeiro de 1980.

O segmento de vestuário também ajudou na queda da inflação já que no final de junho o algodão ficou um pouco mais barato. Em contrapartida, o setor de alimentação e bebidas acelerou no mês de julho com a alta do leite longa vida e de seus derivados, como o queijo e a manteiga.

Como estamos em ano eleitoral, o atual governo e o Congresso adotaram a estratégia de conter a inflação neste período, mas muitos economistas alertam para 2023. De acordo com pesquisadores, a conta virá futuramente, e mais rápido do que pensamos.

O Conselho Monetário Nacional (CMN) já definiu que a meta de inflação para 2023 será de 3,25%, mas Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, comentou recentemente que a inflação no ano que vem pode ficar acima do centro da meta, ou seja, superior a 3,25%.

No site do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) você pode acompanhar o Índice e saber mais sobre ele: www.ibge.gov.br

 


Fernando Migliaccio da Silva, economista formado pela PUC – SP. Atuante na área Financeira com cerca de 30 anos de experiência, passando pelos setores de Tesouraria, Operações nacionais e internacionais, Financiamento às Exportações Brasileiras e Projetos Financeiros, também possui amplo conhecimento em temas sociais, políticos e atualidades.

Leia também: Etanol como um dos melhores caminhos

De que lado está o agronegócio? Bolsonaro x Lula

De que lado está o agronegócio? Bolsonaro x Lula

Nesta segunda-feira (25), o presidente Jair Bolsonaro participou da abertura da Global Agribusiness Fórum 2022, em São Paulo. Estiveram presentes os principais líderes políticos, empresariais e membros da sociedade do agronegócio do Brasil e do mundo, além dos ministros Paulo Guedes (Economia), Fábio Faria (Comunicações), Ciro Nogueira (Casa Civil) e Marcos Cordeiro (Agricultura).

Na gestão Bolsonaro o agronegócio cresceu: conseguiu novos mercados e se consolidou como um dos principais produtores de grãos e proteína animal do mundo. O PIB do agronegócio brasileiro, calculado pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, em parceria com a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), alcançou recordes sucessivos em 2020 e em 2021, com esse biênio se caracterizando como um dos melhores da história do agronegócio nacional. Já em 2022, o PIB do setor iniciou o ano com decréscimo, de 0,8% no primeiro trimestre.

Hoje, o agronegócio está sendo considerado o protagonista da retomada da economia do país, correspondendo a mais de 20% do PIB brasileiro. O campo é também um grande gerador de postos de trabalho, empregando 1 a cada 3 brasileiros. Tudo isso puxado pela alta nas exportações e a safra recorde.
Recentemente, porém, o agronegócio abriu novos canais de negociação com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Lula fechou apoio à candidatura ao Senado do deputado Neri Geller (PP-MT), vice-presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), um dos líderes da bancada ruralista no Congresso. A negociação envolveu também outro grande nome no setor, o senador Carlos Fávaro (PSD-MT).

O responsável indicado para a interlocução com o agronegócio daqui em diante será o vice de Lula, Geraldo Alckmin. Alckmin foi escalado para viajar pelo Mato Grosso e São Paulo para buscar o diálogo com ruralistas neste período pré-campanha eleitoral, uma das prioridades da chapa.
Até outubro teremos ainda mais informações como estas: Bolsonaro buscando mais espaço para consolidar seu apoio com o negócio mais rentável do Brasil, enquanto Lula vai estreitando laços com os dissidentes.

 


Fernando Migliaccio da Silva, economista formado pela PUC – SP. Atuante na área Financeira com cerca de 30 anos de experiência, passando pelos setores de Tesouraria, Operações nacionais e internacionais, Financiamento às Exportações Brasileiras e Projetos Financeiros, também possui amplo conhecimento em temas sociais, políticos e atualidades.
A privatização da Eletrobras

A privatização da Eletrobras

A Eletrobras, maior empresa do setor elétrico brasileiro, foi privatizada. Foram quase 30 anos para que isso acontecesse, um marco para o governo de Jair Bolsonaro que, até então, conseguiu passar para a iniciativa privada somente empresas subsidiárias.

Recentemente, a Câmara dos Deputados manteve, por 392 votos a 31, os vetos feitos pelo presidente. Um deles dava garantias a funcionários e ex-funcionários da empresa para que estes, demitidos sem justa causa, fossem aproveitados em outras empresas públicas federais.

Com a conclusão do processo de capitalização, a União não é mais o acionista principal da Eletrobras. Todo o processo começou no início do ano passado e as ações começaram a ser negociadas na Bolsa com o valor fixado pela companhia em R$ 42,00. Com isso, o Governo conseguiu garantir cerca de R$ 29 bilhões junto ao mercado.

Segundo o governo, a privatização da Eletrobras ajudará a reduzir a conta de luz, trazendo benefícios à população brasileira, que sofre com altas contas de energia, que tendem a oscilar sempre para cima. Dessa forma, a estimativa do Ministério de Minas e Energia é de uma redução de 7,36% na tarifa. O problema é que essa análise não é unânime: alguns analistas afirmaram o contrário, dizendo que a redução acontecerá apenas nos primeiros anos e será pequena – inferior a 3% em 2022. A contratação de usinas termelétricas a partir de 2026, movidas a gás, encarecerão as despesas para os consumidores.

Desde a capitalização, as ações subiram 9,1%, sendo agora uma das dez maiores empresas do índice da B3. Especialistas que acompanham a empresa acreditam que teremos altas entre 50% e 60% no preço do papel no prazo de 12 meses.

Paulo Guedes, Ministro da Economia, afirmou que o Governo Federal irá utilizar os recursos da privatização da Eletrobras para dois fundos geridos pelo BNDES para erradicação da pobreza e “reconstrução nacional”, uma forma de devolver ao povo brasileiro o dinheiro.

 


Fernando Migliaccio da Silva, economista formado pela PUC – SP. Atuante na área Financeira com cerca de 30 anos de experiência, passando pelos setores de Tesouraria, Operações nacionais e internacionais, Financiamento às Exportações Brasileiras e Projetos Financeiros, também possui amplo conhecimento em temas sociais, políticos e atualidades.
Novela do Twitter: Elon Musk deixa acordo de compra

Novela do Twitter: Elon Musk deixa acordo de compra

Elon Musk, executivo-chefe da Tesla, anunciou formalmente hoje (08) que encerra seu acordo de compra no valor de US$ 44 bilhões para o Twitter Inc. O advogado de Musk divulgou em carta direcionada à Securities and Exchange Commission (SEC, equivalente a CVM) a insatisfação e cancelamento. Motivo: a violação material de várias disposições do contrato. Uma bomba no mercado, que já sinalizava uma crise.

Há algum tempo atrás, eu já tinha escrito aqui no blog um artigo sobre isso, em que conto como o acordo fez com que as ações da Tesla começassem a cair já que não estava claro de onde viria o dinheiro no processo de aquisição do Twitter, pois Elon Musk poderia utilizar as ações da Tesla para concluir a compra.

Desde então, o executivo não escondia a sua insatisfação com o Twitter com a questão dos números da rede social, sendo impossível verificar quantas contas são robôs (perfis falsos) e spam. Mas acreditava-se que Musk utilizaria essa desculpa para reduzir o valor de compra, sugerindo um preço por ação entre US$ 42 e US$ 45, ao invés dos US$ 54,20 iniciais.
Estava prevista, caso houvesse uma desistência no acordo entre ambos os lados, uma multa no contrato de US$ 1 bilhão. A única exceção é em caso de problemas legais, em que justamente esses números de bots no Twitter serão enquadrados.

O Twitter já está sentindo os efeitos da “bomba de Elon Musk” com o declínio de suas ações no mercado. Dessa forma, as ações da rede social despencaram 6% no after market, cotadas a US$ 34,50. No fechamento do dia, os papéis já tinham caído 5,10%. O próximo capítulo da novela será acompanhar qual posição será adotada pelo Twitter, pois temos chances de assistir uma bela batalha judicial pela frente.

 


Fernando Migliaccio da Silva, economista formado pela PUC – SP. Atuante na área Financeira com cerca de 30 anos de experiência, passando pelos setores de Tesouraria, Operações nacionais e internacionais, Financiamento às Exportações Brasileiras e Projetos Financeiros, também possui amplo conhecimento em temas sociais, políticos e atualidades.
Grandes Perdas: Bruno Pereira e Dom Phillips

Grandes Perdas: Bruno Pereira e Dom Phillips

Não está fácil acompanhar as notícias recentes. Desde o início deste mês fomos alertados do sumiço de Dom Phillips, colaborador do jornal britânico The Guardian, e Bruno Pereira, servidor licenciado da Funai (Fundação Nacional do Índio). Ambos foram vistos, pela última vez, em 5 de junho, na região da reserva indígena do Vale do Javari, oeste do estado do Amazonas.

Depois de muita investigação, daquelas que tememos o final da história, os restos mortais foram encontrados. O velório de Bruno Pereira aconteceu hoje (24) em Pernambuco com cerimônia aberta ao público, enquanto o funeral de Dom Phillips acontecerá no Rio de Janeiro neste domingo (26). Uma triste história para nós, brasileiros.

Segundo prossegue a investigação, tudo indica que foram mortos a tiros por pescadores ilegais enquanto passavam pela reserva. Bruno era um importante ativista para a causa indígena e ambiental. Seu trabalho lhe consumia tão intensamente que falava quatro línguas nativas do Javari e transitava com muita liberdade entre os povos indígenas da região. Já o britânico Dom Phillips estava desenvolvendo um livro e contava com o auxílio de Bruno.

Os crimes estão gerando uma boa repercussão nacional e internacional e trazem à tona os problemas ligados ao Meio Ambiente e à causa indígena. De acordo com a União do Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), Bruno, por sua vez, combatia a pesca ilegal na região e, por isso, era constantemente ameaçado. Em terras indígenas, por exemplo, a pesca do pirarucu – peixe típico da Amazônia – é proibida.

A Polícia Federal emitiu nota por meio da qual anunciou que os assassinos agiram sozinhos, e que não deve haver um mandante ou uma organização envolvida no crime. Mesmo assim, a linha de investigação policial está averiguando se um dos presos pelas mortes tem ligação com quadrilhas de pesca ilegal em terras indígenas no Amazonas.

Neste momento, acontece a perícia na lancha de Bruno e Dom e sabemos que está passando por procedimentos de alta tecnologia para trazer luz ao máximo de detalhes possíveis. Nos próximos dias teremos mais capítulos dessa triste realidade que envolve uma das regiões mais ricas e importantes não apenas do Brasil, mas do planeta.

Encontrei um vídeo postado pelo Jornal O Globo no YouTube com a última missão do indigenista Bruno Pereira. Que tristeza perder um profissional tão sério e conhecedor de um tema tão falado e tão pouco resolvido pelos órgãos responsáveis.

Foto de Dom Phillips: João LAET/AFP
Foto de Bruno Pereira:  Daniel Marenco | Reprodução

 


Fernando Migliaccio da Silva, economista formado pela PUC – SP. Atuante na área Financeira com cerca de 30 anos de experiência, passando pelos setores de Tesouraria, Operações nacionais e internacionais, Financiamento às Exportações Brasileiras e Projetos Financeiros, também possui amplo conhecimento em temas sociais, políticos e atualidades.