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por Fernando Migliaccio

Foto acima: Reprodução - Arquivo CBF - Anotações www.redebrasilatual.com.br
Cartaz promocional da Copa do Mundo Fifa de 1958

Cartaz promocional da Copa do Mundo Fifa de 1958

Era junho de 1958. O país escolhido para sede da Copa foi a Suécia, que na época tinha 7 milhões de habitantes. Dado sua posição no globo terrestre e em pleno verão setentrional, onde o sol se punha às 21h, foi possível a realização dos jogos no período noturno, sem necessidade de iluminação artificial. A transmissão dos jogos para o Brasil era via rádio. Na ocasião, só existia uma televisão para cada 200 brasileiros e não contávamos com a tecnologia via satélite.

Em 24 de maio, um DC-7C da Panair do Brasil levava e o escrete canarinho para a Europa. Depois de alguns dias de jogos amistosos preparativos pelo Velho Mundo, estreamos na Suécia, no dia 11 de junho, contra a seleção da Áustria e vencemos por 3×0. Três dias depois, empatamos com a Inglaterra em 0x0. Em seguida, o Brasil venceu a União Soviética com dois gols. Já nas quartas de final, em 19 de junho, com o gol antológico de Pelé, derrotamos os galeses. Chegávamos as semifinais e enfrentamos a França: 5×2, com 3 gols de Pelé. Pela segunda vez na história, disputaríamos uma final de Copa do Mundo!

Quis o destino e os deuses do futebol, que a partida mais emocionante acontecesse justamente com os anfitriões. Sim, Brasil x Suécia, em 29 de junho, às 15h de Estocolmo. No trio de arbitragem tínhamos um francês, um alemão e um espanhol. Expectativa máxima, ante a possibilidade de conquistar um primeiro título de Copa do Mundo.

Quase tudo pronto, até que um dia antes do jogo os jogadores do Brasil souberam que como o uniforme da Suécia era praticamente idêntico ao tupiniquim, não jogaríamos de azul e amarelo. O porquê do Brasil ter tido que trocar de uniforme, e não a Suécia, é tema para um outra história. Um clima de desânimo se instaurou no lado brasileiro. Seria um mau presságio? Um golpe de azar? Todos ficaram abalados e alguns chegaram a expressar tal sentimento.

O roupeiro da seleção, acredite se quiser, saiu procurando camisas azuis em lojas de Estocolmo. Achou alguma coisa em uma cidade próxima, numa cidade a 20 quilômetros da capital. O azul não era o da bandeira, e sim um pouco mais escuro, mas era o que tinha. Teve ainda que descosturar o distintivo da CBD das camisas amarelas oficiais e costurar na azul.

No dia do jogo, o chefe da delegação brasileira, Paulo Machado de Carvalho, fez um discurso inflamado no vestiário brasileiro, destacando que o azul era a cor do manto de Nossa Senhora de Aparecida e que por isso, seríamos abençoados.

Resultado: Brasil 5, Suécia 2. Éramos campeões. Demos a volta olímpica com a bandeira da Suécia! Sem dúvida, um feito memorável e cheio de grandes emoções que não podem ser esquecidas.

Para quem quiser assistir ao jogo completo, abaixo está o vídeo com quase 1 hora e 50 minutos de trasmissão:

 

Aqui também estão quais times eram os jogadores da Copa do Mundo de 1958:

(listagem do site www.torcedores.com)

Goleiros:
1 – Castilho – Fluminense
3 – Gylmar – Corinthians

Laterais:
4 – Djalma Santos – Portuguesa
8 – Oreco – Corinthians
12 – Nilton Santos – Botafogo
14 – De Sordi – São Paulo

Zagueiros:
2 – Bellini (capitão) – Vasco da Gama
9 – Zózimo – Bangu
15 – Orlando – Vasco da Gama
16 – Mauro Ramos – São Paulo

Meio-campistas
5 – Dino Sani – São Paulo
6 – Didi – Botafogo
13 – Moacir – Flamengo
19 – Zito – Santos

Atacantes
7 – Zagallo – Flamengo
10 – Pelé – Santos
11 – Garrincha – Botafogo
17 – Joel – Flamengo
18 – Mazzola – Palmeiras
20 – Vavá – Vasco da Gama
21 – Dida – Flamengo
22 – Pepe – Santos

 


Fernando Migliaccio da Silva, economista formado pela PUC – SP. Atuante na área Financeira com cerca de 30 anos de experiência, passando pelos setores de Tesouraria, Operações nacionais e internacionais, Financiamento às Exportações Brasileiras e Projetos Financeiros, também possui amplo conhecimento em temas sociais, políticos e atualidades.